Cada vez mais é reconhecida a participação dos
distúrbios da motilidade em várias doenças do aparelho digestivo. As informações que estes exames fornecem são utilizados por diversas especialidades dentre elas, a própria Gastroenterologia, a Cirurgia do Aparelho Digestivo, a Coloproctologia, a Pediatria, a Pneumologia, a Cardiologia, a Otorrinolaringologia, a Reumatologia e a Neurologia.
No entanto, muitas vezes os pacientes chegam para realizar esses exames sem na verdade, saber o porque do pedido médico e no que eles realmente vão fazer a diferença no diagnóstico do seu problema. Muitas vezes ouço: ".Faço endoscopia todos os anos, mas esse exame é a primeira vez...", ou "Vi na internet e estou com medo, será que preciso realmente fazer esse exame?" ou ainda, "Tratei o meu refluxo com remédio mas não melhorou, então meu médico me pediu esses exames, será que eu tenho que fazer uma cirurgia?"
Qual o objetivo de cada um destes exames?
Manometria
esofágica computadorizada: é um exame que permite ao médico avaliar o
funcionamento do esôfago. Estuda o peristaltismo (contrações e relaxamentos coordenados) e as alterações deste
peristaltismo. Tem a capacidade de
identificar essas alterações quer sejam primárias ou secundárias,
fornecendo dados objetivos (em gráficos e mensurações). Esses dados auxiliam principalmente na descoberta dos mecanismos que levam ao refluxo gastroesofágico, a disfagia (dificuldade para engolir) e dor no peito de origem não cardiológica.
Manometria
anorretal computadorizada: a avaliação funcional do segmento anorretal e
assoalho pélvico é hoje, fundamental para a adequada orientação
diagnóstica e terapêutica das afecções que pertencem a esta área da
proctologia. O exame de manometria anorretal é largamente utilizado na
prática clínica diária, para adequada investigação de muitas desordens da
defecação, em especial a constipação intestinal crônica e a incontinência
fecal. Já há alguns anos foi comprovado, que a sensibilidade, a
especificidade e o valor preditivo do exame proctológico digital (toque
retal), quanto à avaliação funcional dos esfíncteres anais, está muito
aquém do necessário para o diagnóstico das doenças que acometem este
segmento do tubo digestivo. O exame físico realizado pelo especialista é
indiscutivelmente o primeiro passo para a investigação funcional anorretal,
entretanto, a manometria anorretal é essencial nos casos que requerem uma
avaliação mais apurada e específica.
pHmetria esofágica prolongada: é indicada para auxiliar o diagnóstico da Doença do Refluxo Gastro-Esofágico (DRGE). Esse exame ganhou grande aceitação no meio médico pela sua capacidade de estudar os episódios de refluxo ácido gastro-esofágico (distal) e faringolaringeo (proximal) por período prolongado (em torno de 24 horas), durante o qual o paciente desempenha suas atividades normais do dia a dia. Os dados são registrados em um gravador digital (a exemplo do "holter" cardiológico) e posteriormente avaliados em software específico, de modo que os refluxos ácidos patológicos podem ser identificados, qualificados e relacionados aos sintomas referidos pelos pacientes. É indicada tanto para o estudo de suas manifestações típicas, tais como queimação e sensação de retorno de liquido ou comida a boca após engolir, quanto para o estudo das manifestações atípicas, como sensação de "bolo" na garaganta, e extra-esofágicas do refluxo, a exemplo de tosse, asma, rouquidão e pigarro.
Impedâncio-pHmetria esofágica prolongada: um avanço em relação à
pHmetria esofágica prolongada convencional. A impedância intraluminal esofágica
é um método diagnóstico que registra o fluxo retrógrado de conteúdo gástrico,
independente de seu pH. Quando combinado com pHmetria (Impedâncio-pHmetria),
permite detectar o refluxo gastro-esofágico ácido e "não-ácido". A
pHmetria esofágica prolongada convencional é considerada eficiente no
diagnóstico do refluxo gastro-esofágico ácido. Entretanto, muitos pacientes com
sintomas sugestivos de doença do refluxo (cerca de 30%) apresentam persistência
dos sintomas, quando estão sendo tratados com medicamentos anti-secretores
(Bloqueador H2 e Inibidores de bomba de prótons - IBP). Estes sintomas são
atribuídos ao refluxo gastro-esofágico "não-ácido" (pH>4). Quando
a acidez gástrica está tamponada, como no período pós-prandial ou durante
tratamento, o refluxo gastro-esofágico é essencialmente "não-ácido"
e, portanto, dificilmente detectado pela pHmetria esofágica prolongada convencional.
A impedâncio-pHmetria esofágica prolongada permite uma análise mais completa,
quantifica todos os padrões de refluxo e associações de sintomas dos pacientes
com ou sem terapia anti-secretora, permite caracterizar o refluxo quanto à sua
composição (líquido, gasoso ou líquido-gasoso) e identificar o nível de
ascensão do refluxo no esôfago. Portanto, a Impedâncio-pHmetria Esofágica é,
atualmente, o exame diagnóstico mais avançado e preciso na detecção do refluxo gastro-esofágico
patológico.